sexta-feira, 22 de maio de 2009

Foi comer mixirica

e lembrou-se da casa da Vó.
O barulho da casca desgrudando dos gominhos, tirava os fiapos um por um, o cheiro inundando o quintal, o sol da manhã se estendendo com preguiça no chão da varanda e o barulho do cortador de grama ecoando pelo silêncio da manhã leve. A bacia cor de vinho, jogava as cascas por cima das outras mixiricas, a bacia cheia, vinho, laranja, verde-folha, as cores enchiam-lhe os olhos, a boca enchia de fruta. As sementes, jogava na terra da horta, regada agora há pouco, porque Vó acordara cedo para cuidar de suas verduras. Cheiro de terra molhada.
Cheiro de mixirica nas mãos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Começando

a Recomeçar!

Tchau, trema...

-Menina, coloque a trema!
-Mas por que, professora?
-Ora! Por acaso você fala "linguiça"?

(alguns anos depois, Menina começa a redigir textos, afins e enfins. Não se sabe ao certo o motivo, mas ela -e alguns milhões de brasileiros- não mais usa a trema em "linguiça", apesar de sair por aí falando linguiça - ou seria lingüiça? lingúíça?... Mas... por que? Ora! Porque sim!)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O professor (italiano) de cálculo

-Ma Laura, ha ido bene na primer proba, e na segunda, hace una buesta?
(Laura se queda a mirar lo professor, cómo que piensando se tenia escuchado dirêto)

Inquietação

Tentou pesquisar lá no fundo o que sentia.
Por que agir de uma só maneira, há infinitas formas de se viver.
Mas ela teima, não se cansa. Cansa sim, de si mesma.
Acomoda-se?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um repente,

a menina abriu a boca e disse "Mãe", bem baixinho. E foi como se aquela palavra estivesse ali guardada há tanto, saiu tão arrastada e presa, distante. Junto saíram-lhe as lágrimas, primeiro pouco a pouco, depois aos montes, ela não segurou, deixou que o choro viesse e tomasse conta de si. Chorou que nem a criança que era quando dizia mamãe e essas palavras saíam como vento de sua boca. E se perguntou porque deixara seus sentimentos tão afundados e escondidos nos seus cantos longínquos, uma saída talvez, uma defesa. O que resultou a ela uma memória descabida, tão protegida que nem ela mesma consegue acessar. E como ainda é difícil pra ela escrever e dizer sobre tanto, e assim ela vê e não entende como pode caber tanta timidez numa só pessoa.

E resta também a saudade...

Vamos parar de pensar tanto?

Dizia ela para si mesma...

Pé sem sapato.

ponto.

(pelo menos assim ela consegue correr sem desequilibrar)