segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Mas que perder seja o melhor destino"

Hoje viajei sozinha para campinas. Gosto de dirigir, a música alta, fui cantando... sentir o vento batendo no rosto. Sentir-se passarinho, foi o que eu disse na primeira vez que andei de moto. Assim, que nem quando a gente anda de bicicleta, descendo o morro. Leve, livre.

E aquela estrada, reta. Todo final de semana. Passa caminhão, cuidado com o radar, para na fila do pedágio. Pisquei os olhos umas duas vezes e, quando abri, tudo já estava com outras cores. Não vi mais os caminhões, a estrada reta, não me irritei com os apressados piscando farol. Percebi as árvores, os morros. Todo final de semana... é tão verde, e eu nunca percebi. Tão diferente, e para mim sempre foi igual.

E foi assim que eu cheguei em casa, com esses olhos desacostumados, que às vezes coloco em mim mesma para enxergar a vida. Queria usá-los mais. A vida se renova e tudo parece mais bonito. O sofá da sala, a casa da esquina. Alguns detalhes que eu esqueço de reparar, mas sempre soube estarem ali.

Lembro sempre de um dia, na aula de desenho. A professora, "Vamos, desenhe uma árvore assim, de memória". Tá legal. Uso verde e marrom? Mas também tem laranja, e amarelo e preto, talvez vermelho... e a textura das folhas, e os galhos, retorcidos? e são tantas ramificações! "Professora, me desculpe. Não sei desenhar uma árvore".

Por mais que eu saiba desses meus olhos viciados, não consigo usar sempre meus olhos novos. No dia-a-dia, esqueço, talvez. Ou então me acomodo com as imagens já 'gravadas', já acostumadas. Me acomodo com a superfície das coisas. Com os contornos. E deixo assim estar, sem me ater às costuras, às profundidades, às texturas e tudo o mais de belo, feio, estranho, exótico, enfim, que as coisas dessa vida têm.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Abelha gulosa

foi tomar meu suco,
se afogou na limonada doce.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Olhou para o chão limpo, e ficou se perguntando

Para onde vão os bichinhos das noites de calor?
Tem uma hora que eles se cansam de girar ao redor da luz, e saem por onde entraram?
Eles caem no chão, e viram pedacinhos pequeninos que não conseguimos enxergar?
Vão de janela em janela procurando alguma luz para achar, enfim, a luz do sol?


E na noite seguinte, lá vem eles outra vez...

"It's been a long time, long time now since i've seen you smile"

Ir atrás de mais músicas.
Ir atrás de sua sombra.
Estar com
você estar aqui.
É isso que ela quer, por agora.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O amor numa xícara de café

Sentados um de frente para o outro, olhavam-se com sorrisos e saudades. "Nossa, você continua linda!", "E você, o mesmo conquistador..." ela responde, com seu jeito (sempre) tímido. Colocando açúcar no café, ela pergunta como vai a vida, o trabalho, o casamento. Ele engasga com o café amargo-nunca gostou de adoçar a bebida- "vai bem, está tudo ótimo." Ela finge que acredita, muda o assunto. "Nos conhecemos assim, tomando uma xícara de café. Você lembra?" "Lembro. Você estava com aquela saia azul, e eu derrubei café em você...um desastrado, nisso não mudei nada!” “É, mas ainda bem que você me convidou para tomar outro café com você... o nosso café durou horas!” “Podia jurar que tinha sido um jantar?!” “Não, foi só um cafezinho assim, de fim-de-tarde” “Que durou até a manhã do dia seguinte, lembro bem...” “Não seja assim tão indiscreto” “Não fica assim com vergonha...! ...quanto amor havia naquela xícara de café...” “Quanto amor...” “...” “E para onde ele foi...” “Para mim ele sempre esteve aqui... apenas... se dissolveu”.